Nutrição da Pessoa Autista.


A comunidade científica tem relatado constantemente que os indivíduos autistas tem alterações do metabolismo das proteínas e outros nutrientes, como também, tem níveis elevados dos peptídeos derivados do glúten e da caseína (gluteomorfina e caseomorfina). Os peptídeos possuem estrutura química semelhante aos opiáceos,  morfina, cocaína e morfina. Essas substâncias modificam o pH estomacal alterando a motilidade intestinal, diminuindo o número de células nervosas do sistema nervoso central e inibindo a neurotransmissão dos impulsos nervosos. 

Os peptídeos ocupam os lugares dos receptores aminas no cérebro, causando distúrbios psíquicos produzindo, ansiedade, irritabilidade, comportamento auto-destrutivo e compulsão por alimentos.
Muitos cientistas acham que esses transtornos surgem devido a um processo auto imunológico, que contamina vários sistemas, dentre eles, o sistema gastrointestinal, o cérebro e o fígado. Já foram detectados alguns auto anticorpos contra vários antígenos, incluindo a proteína básica da mielina (membrana que reveste a fibra nervosa dos neurônios.

A maioria desses indivíduos apresenta um percentual alto de gastrites, diarreias, constipações, esofagites, duodenites, colites, etc., como também possuem alergias, intolerância e ou sensibilidades a produtos e derivados do leite e do trigo.
Segundo a Dr.Rosemary Waring, Inglaterra, mais de 90% desses indivíduos tem níveis baixos da enzima sulfotransferase no intestino, que serve para processar alimentos com alto teor de compostos fenólicos ingeridos na dieta, e mais especificamente produtos químicos, aditivos alimentares, corantes e salicilatos...

Na falta dessa enzima o corpo acumula compostos fenólicos e salicilatos. No entanto, é imprescindível que essa enzima esteja em níveis normais no trato gastrointestinal, pois quando ocorrer pouca produção ou na falta da enzima o intestino possui um mecanismo de defesa, conhecido como “sistema glucurônico”. Já o cérebro não tem um sistema parecido e fica desprotegido, ocasionando o surgimento de problemas na área da cognição, humor, hiperatividade.
Então, se você tem nível baixo dessa enzima e você começar a consumir alimentos rico em salicilatos e na sobremesa come alguma sobremesa contendo corante, vermelho-40, amarelo-5, vai ter problemas. Em excessos provenientes da dieta e da atividade anormal de microrganismo patogênicos do intestino, impedindo que o corpo se livres desses produtos indesejáveis, via destoxificação, conhecido como fenol sulfotransferase. Eles exercem efeitos tóxicos no cérebro.
Milhares de mães e pais por todo mundo, tem relatado melhoras significativas no comportamento dos seus filhos com autismo, quando iniciam a dieta restrita de glúten, caseína e lactose. O glúten está presente nos seguintes alimentos, trigo, cevada, e no centeio. A aveia não tem glúten, porém a que é comercializada no Brasil, contem glúten, devido ao armazenamento junto com o trigo e processada em recipientes que se prepara o trigo, com isso ela acaba incorporando o glúten. Mas já existe no mercado aveia sem glúten. 

A Caseína e a lactose é encontrada no leite e em seus derivados, produtos de panificação, sorvetes, o queijos e o iogurtes, enfim tudo que é preparado com o leite.
Os autistas apresentam valores mais altos de anticorpos IgG/IgE e alérgenos, mais específicos aos da caseína do glúten em exames de sangue. 
E o que explicaria essa mudança? Os portadores de autismo tem alguma tipo de alteração intestinal (inflamação a nível intestinal). A que mais tem relação direta com o autismo é a Hiper-permeabilidade intestinal: O intestino apresenta modificação na parede intestinal que permite a passagem de proteínas, restos de fragmentos de células e de bactérias mortas que migram para a corrente sanguíneas, onde são reconhecidos como “corpos estranhos” pelo sistema imunológico, iniciando uma reação de defesa que começa a agredir os intestinos e outros órgãos mais distantes, como por exemplo o sistema nervoso central, cérebro, pele, dentre outros.

Alguns autores tem observado que parece haver ligação com o desequilíbrio da microbiota intestinal(Disbiose) em outras palavras, desequilíbrio do número de bactérias boas em prevalência ao aumento do número de bactérias patogênicas, como também, infecção por leveduras(cândida albicans),fungos, infecções por vírus(por exemplo vírus do sarampo), vacinas e diminuição da ação da enzima do fenol enxofre transferase e contaminação por metais pesados, alumínio, chumbo, mercúrio, flúor, pesticidas, agrotóxicos, bisfenol, dioxina, etc.).
Essas crianças autistas tem uma alta ingestão de calorias acima da recomendação e um baixo consumo de água, fíbras, vitaminas do complexo b, mais especificamente de B6, B9, A, C, D, e minerais, zinco, cálcio, magnésio, ácidos graxos ômega 3. E um perfil lipídico desequilibrado com redução das gorduras saturadas monoinsaturados e poli-insaturados(PUFAS), que fazem parte do tecido cerebral. O ômega 3(EPA,DHA) representa 10 a 20% da sua estrutura porque estão presentes nas membranas dos neurônio e nos mecanismos neuronais do sistema nervoso central, portanto, já é sabido que essas crianças se beneficiam com a suplementação dessas substâncias e dos antioxidantes, melhorando a cognição, sociabilidade, contato visual, concentração, habilidade motora, reduzindo significativamente a hiperatividade e agressividade.

Em certos casos essas deficiência nutricionais estão associadas a desordens neurológicas e psiquiátricas, tais como, dislexia, transtornos bipolares, esquizofrenia, depressão, convulsões e autismo. A participação de alguns aminoácidos que são metabolizados em neurotransmissores, como a serotonina, a dopamina, acetilcolina, e catecolaminas a noradrenalina e GABA, também auxiliam a melhora desses distúrbios mentais. Essas crianças normalmente tem sobrepeso, 46% tem compulsão por comida, se alimentam muito rápido e consomem porções exageradas de alimentos produzindo alterações no sistema gastrointestinal muita das vezes produzindo fezes anormais(volumosas).

Por enquanto a Nutrição é meio mais seguro para restaurar o equilíbrio bioquímico e fisiológico desses pacientes, otimizando o funcionamento celular, reduzindo os danos mitocondriais o estresse oxidativo, as disfunções neuroendócrinas, inflamatórias, imunológicas, gastrointestinas, contribuindo com uma melhor e interação corpo e mente, através da contribuição de um nutricionista envolvido com a questão dos Transtornos do Espectro Autista. Portanto segundo a lei 8.234/91,art.3º, compete exclusivamente ao nutricionista, prescrever, planejar, analisar, supervisionar e avaliar dietas, nem mesmo o médico, o endocrinologista ou nutrólogo, não está apto a prescrever planos alimentares individuais e personalizados, mas cabe a ele um papel extremamente importante: repassar informações nutricionais.

Referências:

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